5 de setembro de 2012

Setor privado será consultado sobre acordos com União Europeia e Canadá

O governo iniciará, nos próximos dias, consulta ao setor privado sobre o interesse e preocupações das empresas brasileiras em relação à negociação de um acordo de livre comércio com a União Europeia e a abertura de discussões para um acordo comercial com o Canadá. Também encaminhará ao Congresso um projeto de lei para abrir unilateralmente o mercado brasileiro aos 49 países mais pobres do mundo - uma promessa apresentada pelo Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2006.

A retomada de iniciativas no campo das negociações comerciais foi decidida ontem pelos ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex), por sugestão do Ministério das Relações Exteriores.

O Itamaraty propôs iniciar a elaboração das chamadas "listas de ofertas", com os cronogramas de redução de tarifas de importação a serem discutidos com os parceiros do Mercosul para apresentação à União Europeia, no quarto trimestre. Mas os ministros preferiram fazer, antes, uma rodada de conversas com os empresários, para atualizar as propostas e avaliar o interesse na abertura de comércio com os europeus.

Consultas feitas pelo ministro de Relações Exteriores, Antônio Patriota, a governos europeus, indicaram interesse na retomada das negociações, que desde 2004 estão restritas a aspectos técnicos. A Argentina, em 2010, anunciou, com a Espanha, o interesse em retomar a discussão, mas, desde então, as dificuldades em seu balanço de pagamentos levaram o país a criar restrições a importações.

Ontem, o presidente da União Europeia, José Manuel Durão Barroso, acusou o "protecionismo" de alguns países do Mercosul de impedir o avanço das negociações de livre comércio, que, segundo afirmou, são do interesse dos 27 países do bloco europeu.

Os canadenses, segundo apurou o Valor, ficaram decepcionados com a decisão de consulta prévia ao setor privado. Havia a expectativa do anúncio de uma decisão brasileira pela abertura das negociações ainda neste ano.

Ontem, a notícia do Valor sobre a abertura de mercado aos países mais pobres levou associações do setor têxtil a contatar o governo para se opor à medida. Patriota disse que o projeto veta produtos em que os países beneficiados detiverem mais de 1% do mercado, como Bangladesh com os têxteis.


Fonte: Jornal Valor Econômia

Nenhum comentário:

Postar um comentário