28 de novembro de 2011

Com crise na Europa, Maersk Line anuncia corte na capacidade

SÃO PAULO – Diante da crise da zona do euro, o maior armador de containers do mundo, a dinamarquesa Maersk Line, vai anunciar planos de cortar sua capacidade de entrega nas rotas da Ásia-Europa na próxima semana.

Segundo informou o diretor executivo para a região do norte da Ásia da companhia, Tim Smith, o excesso de capacidade e os altos custos continuam sendo uma grande preocupação para a indústria global de transportes de carga.

A empresa já havia anunciado que esperava prejuízos nos resultados de 2011 nos negócios de entrega de containers, com a desaceleração das rotas Ásia-Europa.

Por outro lado, apesar do cenário econômico instável, o executivo afirmou que as projeções para o transporte nas rotas do Pacífico estão melhores diante dos sinais de recuperação dos EUA.

A indústria de transporte de carga é um indicador para a economia global, já que representam mais de 80% do volume internacional de comércio.

(Vanessa Dezem | Valor)

Brasil tenta simplificar importação entre sócios

Você talvez não aguente mais ouvir falar em Mercosul; mas o bloco que reúne Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai segue vivo, e se move. A mexida mais recente provoca discussões intensas nesses dias que antecedem a reunião de cúpula dos quatro países (mais a Venezuela e outros países associados), marcada para 20 de dezembro. Há uns senões com sotaque argentino e paraguaio, mas avança o debate sobre uma iniciativa para facilitar o trânsito de mercadorias pelas fronteiras do Mercosul.
 
A medida defendida pelas autoridades brasileiras e uruguaias permitirá, a determinados produtos, uma vez atravessada a alfândega de algum dos países do Mercosul, transitar pelas outras alfândegas sem pagar novamente a tarifa externa comum (TEC) cobrada aos importados. Para se beneficiar dessa medida, o produto não poderá sofrer nenhum processamento industrial ou qualquer alteração que lhe agregue valor. Ou, como define o texto em negociação pelos diplomatas, o produto não poder "sofrer transformação".
Em compensação, como já foi garantido às mercadorias com TEC igual a zero, o produto ganhará status de "originário" - ou seja, para quase todos os efeitos, será considerado como produto nacional dos países do Mercosul (quase todos: a vantagem não valerá para receber incentivos do governo ou em programas de compras governamentais). Nos próximos dias, técnicos dos quatro países acertam as diferenças ainda existentes para levar a medida como proposta a ser aprovada pelos presidentes.

Dupla cobrança da TEC pode estar com os dias contados
É um passo a mais no processo conhecido como fim da dupla cobrança da TEC. Hoje, se um produto, depois de importado, passar a outro sócio do Mercosul, é obrigado a pagar de novo a TEC, dificultando a união aduaneira entre os sócios do bloco. Com a medida em debate, será possível testar o fim da dupla cobrança com um número pequeno de produtos. Na prática, como os impostos internos (IPI e ICMS, por exemplo) continuam sendo cobrados em cada país, será limitada a quantidade de mercadorias que terá muita vantagem ingressando por um porto diferente do seu destino, e beneficiando-se do fim da dupla cobrança.

Um cálculo preliminar do governo, feito ainda em 2010, indica, a princípio, potencial de apenas US$ 4 milhões em importações que seriam beneficiadas por essa medida, a ser aplicada especialmente em mercadorias de consumo final hoje com baixa tributação em impostos internos.

Como haverá casos em que o imposto é pago em um país mas o produto consumido em outro, será criado um fundo, a ser aprovado pelos Congressos, para que, se um produto ingressar no Mercosul pagando a TEC pelo Brasil, por exemplo, e seu destino final for o Paraguai, a arrecadação seja transferida aos paraguaios. Esse fundo será fundamental quando acabar de vez a dupla cobrança, mas aí está, aliás, um dos obstáculos à proposta. Os paraguaios, que não cobram imposto de renda e transformaram o imposto de importação em importante receita tributária, temem perder arrecadação e querem garantias de que terão compensações, caso sofram queda na receita.

Os argentinos também, nos últimos dias, apareceram com outro porém: temem que o novo mecanismo atrapalhe medidas de defesa comercial, como a valoração aduaneira, em que alfândegas de um país recusam o preço declarado na guia de importação e aplicam outro, maior, considerado o verdadeiro. Estuda-se uma fórmula para afastar esse temor argentino.

O fim da dupla cobrança é pedido por parceiros como a União Europeia, na discussão de acordos de livre comércio com o Mercosul. Seu lento processo (que começou a avançar em 2004) já trouxe, pelo menos, um enorme ganho para a acidentada integração dos países do Cone Sul: para chegar à cobrança única da TEC, os países tiveram de modernizar seus procedimentos alfandegários, igualar procedimentos e, mais importante, informatizar as aduanas. Hoje, há interligação eletrônica em tempo real nas alfândegas do Mercosul, o que pode facilitar ações conjuntas, dificultar fraudes e contrabando e sofisticar as estatísticas no bloco.

O novo avanço no fim da cobrança dupla da TEC, se confirmado, mostrará que a integração comercial no Mercosul não é feita só de retrocessos nesses anos de recrudescimento do protecionismo nos dois maiores países do bloco. Seria um pequeno consolo, quando se vê poucas chances de remoção das barreiras comerciais entre Brasil e Argentina, sob a forma de licenças prévias de importação, transformadas em pretexto para bloquear o trânsito de bens como alimentos, automóveis, calçados e máquinas nas fronteiras.
Com ou sem mudanças na TEC, a reunião do Mercosul será a primeira grande oportunidade para a presidente Dilma Rousseff acertar com a recém-reeleita Cristina Kirchner o fim desses cambalaches na relação comercial bilateral. É tarefa complicada; os argentinos se queixam das vantagens dos exportadores brasileiros, como o BNDES, e, com o argumento respeitável de que o superávit do Brasil com a Argentina nunca foi tão grande, sacrificam setores industriais brasileiros que acreditaram na integração dos dois mercados.

Sergio Leo é repórter especial e escreve às segundas-feiras no Valor Econômico

17 de novembro de 2011

Corrente de comércio entre Brasil e África dobrará em 4 anos, diz Skaf

SÃO PAULO – A corrente de comércio entre o Brasil e o continente africano deve dobrar em até quatro anos, na opinião de Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). No acumulado entre janeiro e setembro deste ano, esse valor ficou em US$ 20,3 bilhões, o que representa um salto de quase 100% na comparação com todo o ano de 2004, quando a corrente comercial entre o Brasil e a África fechou em US$ 10,4 bilhões.
 
“As importações e exportações com esse bloco estão acelerando. Temos que aproveitar o crescimento africano, que deve ser, em média, de 5,8% em 2012, segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI)”, afirmou Skaf.

Diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Gianetti da Fonseca destacou dois pontos a serem observados nas relações comerciais com o continente. Primeiramente, o apetite chinês pelos recursos disponíveis na África. “O grande concorrente do Brasil na África é a China. Eles estão se apoderando dos recursos ali disponíveis e ampliando as suas relações comerciais no continente, mas o africano se sente mais seguro estabelecendo relações com o Brasil”, afirmou.

As semelhanças geográficas e a transmissão de conhecimento referente ao processo produtivo que pode partir desse ponto devem ser observadas pelas empresas que pretendem investir no continente. “A máquina agrícola europeia ou a canadense não funcionam tão bem na África. Eles precisam desses bens adaptados a um país tropical. O que os europeus entendem de mandioca, que é o principal alimento dos africanos?”, questionou Gianetti, destacando uma vantagem competitiva brasileira. “Podemos contribuir para a queda da pobreza no continente e aproveitar para produzir energia e alimentos.”

A Fiesp e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) já atuam em parceria em 13 países africanos na criação de mão de obra. O trabalho, que também envolve o governo brasileiro e bancos de desenvolvimento africanos, ocorre via cooperação internacional visando a capacitação profissional.

Empresários brasileiros de diversos setores estiveram reunidos nesta quarta-feira na sede da Fiesp para discutir investimentos no continente africano. Segundo Skaf, um compromisso firmado pela entidade no evento foi o de promover a criação de estrutura logística para a África, que é carente de rotas marítimas com o Brasil, infraestrutura no trasbordo de cargas e linhas aéreas diretas e conexões intracontinentais, segundo Skaf.

(Carlos Giffoni | Valor)

Exportações das cooperativas avançam 34,6% no ano

As exportações das cooperativas brasileiras renderam US$ 5,141 bilhões de janeiro a outubro deste ano, 34,6% mais que em igual período de 2010, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pelo próprio Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Foi o melhor resultado da história para os dez primeiros meses de um ano, superior inclusive ao também expressivo incremento das importações. Nessa ponta, o valor atingiu quase R$ 284 milhões, 32,5% acima do montante registrado entre janeiro e outubro do ano passado. Com isso, o superávit da balança das cooperativas aumentou 34,7%, para US$ 4,857 bilhões.

Ainda que não inclua apenas produtos do agronegócio, o setor prevalece no balanço das exportações das cooperativas. Os principais produtos embarcados nos dez primeiros meses deste ano foram açúcar refinado (US$ 902,5 milhões), soja em grão (US$ 663,1 milhões), café em grão (US$ 623,7 milhões) e açúcar bruto (US$ 596,3 milhões). Em todos esses casos, houve aumento em relação ao mesmo intervalo de 2010.

Como acontece com as exportações do agronegócio brasileiro em geral, a China também é o principal destino dos embarques de produtos agropecuários das cooperativas do país. Conforme o MDIC, as vendas do segmento ao gigante asiático renderam US$ 661 milhões de janeiro a outubro de 2011. Os Emirados Árabes Unidos aparecem em seguida, com US$ 497,2 milhões.

No "prato" das importações das cooperativas, os destaques no período foram o cloreto de potássio, insumo para a produção de fertilizantes (US$ 44,5 milhões) - as compras de outros insumos também aumentaram -, e a cevada cervejeira (US$ 23,8 milhões). O trigo, que tem no Brasil seu maior importador mundial, tem pouco peso na balança das cooperativas.

Mais em www.mdic.gov.br

Por De São Paulo

Revisão deve garantir PIB acima de 3%

O governo está empenhado em impedir que a economia cresça menos de 3% neste ano e deve ser auxiliado pela revisão do Produto Interno Bruto de 2010 que o IBGE divulgará em 15 dias. Com a revisão, o avanço de 7,5% deverá subir para 7,7% ou 7,8%, de acordo com avaliações da área econômica, graças ao melhor desempenho da atividade no quarto trimestre de 2010. Com isso, pelo efeito estatístico do carregamento ("carry over"), o PIB de 2011 terá uma expansão maior.

Sem a revisão, o legado de 2010 para 2011 foi de 1,3%. Isso significa que, mesmo se a economia registrasse crescimento zero neste ano, o PIB de 2011, ao ser comparado com o do ano anterior, avançaria ao menos 1,3% por conta do efeito estatístico. Mas se o crescimento do PIB em 2010 tiver de fato sido maior, como o governo espera, o impulso poderá ser de 1,7% em 2011, calcula Fábio Ramos, economista da Quest Investimentos. Em 2009, quando a economia caiu 0,6% devido ao contágio da crise mundial, o carregamento para 2010 foi de 3,6%.

Preocupada com a rápida desaceleração da economia, a presidente Dilma Rousseff preferiu afrouxar as medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central no fim do ano passado. Dilma se reuniu separadamente na última semana com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, e ordenou o "reequilíbrio" das medidas.

A presidente está intranquila com um possível mergulho da economia no terceiro trimestre. Entre janeiro e março, o PIB avançou 1,3% e, entre abril e junho, 0,8%. Mas no período seguinte (julho a setembro), a economia pode ter tido crescimento pouco acima de zero em relação ao segundo trimestre. Na área econômica, aposta-se que, apesar da forte desaceleração em relação aos níveis de crescimento de 2010, a economia crescerá 3,5% em 2011. Para o ano que vem, a expectativa do Ministério da Fazenda é de um crescimento de 5%.

A presidente está apreensiva com o cenário externo. Acredita que falta liderança política à Europa para enfrentar a crise e que a premiê Angela Merkel, líder do país mais forte da zona do euro, a Alemanha, ignora a gravidade da situação. Dilma alimenta a expectativa, segundo apurou o Valor, de que a taxa básica de juros (Selic) chegue a abril em 10% ao ano - hoje, está em 11,5%.

Por João Villaverde e Cristiano Romero | De Brasília | Valor Econômico 

11 de novembro de 2011

Importados ficam com 23,4% do consumo industrial

Por Rodrigo Pedroso | De São Paulo

As importações passaram a responder por 23,4% do consumo doméstico de bens industriais no terceiro trimestre deste ano, segundo dados atualizados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Esse percentual representa um pequeno ganho de espaço em relação à participação ocupada pelos produtos do exterior no trimestre anterior - o aumento no coeficiente de importação da indústria geral foi de 0,5 ponto. Esse aumento ocorreu em um cenário de aumento das exportações, combinado com leve alta da produção interna.

Para o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) Roberto Giannetti da Fonseca, "praticamente um quarto do que o país consome vem de fora". Na indústria de transformação, o crescimento do coeficiente, em comparação ao segundo trimestre do ano, cresceu 0,8 ponto percentual, chegando a 22,3% do consumo doméstico.


No levantamento, de 33 setores da indústria pesquisados, 29 apresentaram alta no coeficiente de importação na comparação com o terceiro trimestre de 2010. Aqueles que mais dividiram espaço com os produtos importados foram os de tratores, máquinas e equipamentos para agricultura, com aumento de 9 pontos no terceiro trimestre, e metalurgia e metais não-ferrosos, com 4,6 pontos, ambos em relação ao terceiro trimestre do ano passado.

Do outro lado da balança, o coeficiente de exportação, que mede a participação das exportações na receita da indústria, cresceu, mas em um ritmo menor do que as importações. No terceiro trimestre de 2011, os produtos vendidos ao exterior representaram 20,2% do total da indústria, alta de 0,3 ponto percentual em relação aos três meses anteriores e de 1 ponto sobre o terceiro trimestre de 2010. Na indústria de transformação, o acréscimo foi menor, de 0,1 ponto sobre o segundo trimestre, passando a representar 17,1% do total. Na série com ajuste sazonal, a produção industrial total do país cresceu 0,1% entre julho e setembro.

Gianetti acredita que o aumento das importações evidencia uma desindustrialização do país, pois o produto estrangeiro está tomando lugar da produção nacional. "Estamos em um mundo globalizado, não é ruim importar. O problema é que a indústria não consegue competir aqui e tem que exportar, enquanto o consumo está sendo substituído pelos produtos de fora. E isso preocupa", afirma.

Alguns setores evidenciam esse quadro. Enquanto a siderurgia aumentou as exportações em 47,4% na comparação entre o terceiro trimestre de 2010 e o deste ano, a produção encolheu 1,5%. Na mesma comparação, no segmento de máquinas e equipamentos paras fins industriais e comerciais, as exportações aumentaram 26,7% enquanto a produção caiu 2,4%. O setor mais afetado no último ano foi o de calçados, que viu as exportações caírem 23,5% e a produção 11,5%, em igual intervalo.

Para Giannetti da Fonseca, três fatores devem favorecer a maior penetração de bens importados em 2012: o real valorizado, a demanda menor por parte das economias desenvolvidas e os incentivos fiscais que alguns Estados dão aos importados. "Esse é o cenário que devemos enfrentar", diz.

Mesmo a previsão de crescimento do país acima das maiores economias mundiais no ano que vem não vai mudar a situação da indústria nacional. "Veículos, geladeiras, bens de consumo duráveis, em geral, já estão dando sinais de arrefecimento na produção. Apesar da perspectiva de aumento de 4% do PIB no ano que vem, a indústria pode não crescer. Esse é o setor que mais sofre hoje na economia brasileira", afirma. A estimativa da Fiesp é de que o dólar feche o ano em R$ 1,80. Contudo, Giannetti acredita que a moeda americana precisaria valer R$ 2,00 para atenuar a penetração dos importados.

Outro entrave interno é o incentivo fiscal dado por Estados como Santa Catarina, Paraná e Pernambuco a importadores, que desembarcam as mercadorias para depois levá-las a mercados maiores dentro do país.

9 de novembro de 2011

Faturamento sobe, mas emprego e produção do setor caem

Por Tainara Machado e Thiago Resende | De São Paulo e Brasília Valor Econômico
 
Os indicadores da indústria voltaram a registrar descompasso em setembro. Enquanto a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou crescimento de 1% no faturamento real do mês na comparação com agosto, a produção caiu 2% na mesma comparação, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda na passagem de agosto para setembro, a CNI registrou menor uso da capacidade instalada. Entre as explicações, os economistas listam redução dos estoques, aumento real dos preços e até mesmo ganho de competitividade.

Na passagem mensal, a Utilização da Capacidade Instalada caiu de 82,2% para 81,6% na série com ajuste sazonal, de acordo com a CNI. O resultado foi condizente com o recuo de 2% da produção industrial mostrado pelo IBGE em setembro. No entanto, o faturamento real da indústria, também dessazonalizado, avançou 1% no mesmo período. Para o gerente de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, a tendência divergente mostrada por esse conjunto "sugere que há um movimento de redução de estoques".
Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, afirma que essa explicação faz sentido, pois a indústria teria se desfeito de estoques acumulados, enquanto a produção continuou estagnada. Thiago Carlos, economista da Link Investimentos, também avalia ser possível melhorar o faturamento sem contrapartida na atividade. "Mas, pelo que observamos, a indústria continua bem estocada, e o processo de ajuste ainda não deve ter acabado", disse.

Para José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, essa hipótese é válida, "mas não dá para fazer leitura precisa, mais informações são necessárias para ajudar a interpretar esse dado", disse. Gonçalves aponta também como hipótese para o avanço do faturamento um aumento real dos preços.
Ganhos em termos de custos e competitividade, com aumento das importações ao longo da cadeia produtiva, podem ser parte da explicação, na avaliação de Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg.

Para ela, o descolamento não foi um evento pontual, mas é uma tendência que aparece ao longo de 2011, á que setembro foi o quarto mês seguido de avanço do faturamento, enquanto o uso da capacidade patina.
Mais da metade dos setores da indústria de transformação apresentaram queda em setembro na utilização da capacidade instalada e nas horas trabalhadas na produção, frente ao mesmo mês do ano passado, segundo a pesquisa da CNI. O dado de emprego avançou 1,1% no ano, mas em setembro sobre agosto, com ajuste sazonal, foi registrada queda de 0,3%, a maior retração mensal desde abril de 2009. "O emprego já sente o menor ritmo de atividade", conclui Castelo Branco, que acredita no mercado de trabalho bem mais fraco no setor até o fim do ano.

O economista ressaltou ainda que os resultados dos indicadores industriais são preocupantes, pois o período entre agosto e novembro é considerado forte para o setor. Entre os 19 setores pesquisados, nove tiveram recuo em pelo menos dois dos indicadores citados. Além disso, o índice de utilização da capacidade instalada registrado em setembro (81,6%) é o menor desde fevereiro de 2010.

Para a CNI, a crise internacional e o aperto monetário no primeiro semestre afetaram os resultados da indústria e provocaram a desaceleração do setor. "As medidas macroprudenciais de controle do crédito e aumento da taxa de juros, que aumentou o custo do crédito, terminaram impactando a demanda doméstica", afirma Castelo Branco.

1 de novembro de 2011

Dólar fecha acima de R$ 1,70, mas ainda perde 9,46% no mês

Por Eduardo Campos | Valor

SÃO PAULO – Do começo ao fim do pregão os compradores pautaram a formação de preço do dólar no mercado local. E mesmo retomando a linha de R$ 1,70, o dólar fecha o mês de outubro acumulando queda de 9,46%, maior perda mensal desde maio de 2009. No ano, a moeda ainda apresenta valorização de 2,28%.

No fim dessa segunda-feira, o dólar comercial apontava alta de 1,18%, a R$ 1,704 na venda, máxima do dia. As compras se acentuaram nos minutos finais do pregão.
Na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), o dólar pronto ganhou 0,99%, para R$ 1,6926. O giro do dia ficou em US$ 104,75 milhões.

Também na BM&F, o dólar para dezembro subia 1,89%, a R$ 1,718. O dólar para novembro que expira no encerramento do pregão de hoje avançava 0,86%, a R$ 1,688.
Os contratos que não foram rolados para outros vencimentos serão liquidados pela Ptax. A taxa referencial calculada pelo Banco Central (BC) fechou o mês em R$ 1,6885, queda diária de 0,59%. No mês, a taxa caiu 8,95%.

Segundo o diretor de tesouraria do Banco Prosper, Jorge Knauer, a formação de preço do dólar ficou alinhada com o cenário externo.

Depois dos últimos dias de “exuberância irracional”, diz o diretor, o mercado passa por um dia de salutar correção de preços. “Pelas notícias que vêm de fora, mesmo com o acerto na Europa, não há motivo para uma arrancada tão forte como a observada. Não há uma reversão do processo, mas sim boas intenções na Europa”, explica.

Dentro desse quadro de grande incerteza, diz Knauer, não há motivo para uma melhora muito maior no preço do dólar e de outros ativos. “O dólar deve ficar, mesmo, ao redor de R$ 1,70”, diz.

Câmbio Externo
O dólar ganha de seus principais rivais no mundo todo nesta segunda-feira. Além das preocupações inerentes à crise na Europa, a moeda americana ganhou fôlego depois que o Banco do Japão (BoJ) foi a mercado conter a alta do iene, que testava preços não vistos desde 1945.

A intervenção, a terceira do ano, surtiu efeito e o iene teve o maior tombo diário ante o dólar desde 2008. A moeda chegou a cair mais de 4%. A divisa japonesa opera ao redor dos 78 iene por dólar, depois de cair a 75,38 por dólar.

Captando a demanda por divisa americana, o Dollar Index (DXY), que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de moedas, subia 1,44%, a 76,17 pontos. Enquanto o euro operava com forte baixa, recuando 1,60%, a US$ 1,391.

Ilustrando a desconfiança do mercado com o pacote europeu de medidas anunciado na semana passada, o custo de financiamento da Itália voltou a subir. A taxa dos papéis de 10 anos operou acima dos 6%.
Completando o quadro de incerteza, a corretora MF Global Holdings entrou com um pedido de falência em Nova York, após perdas com apostas em papéis de governos europeus.

Leia as manchetes de hoje dos principais jornais do país

VALOR ECONÔMICO
- Restrições param mercado de câmbio na Argentina
- Japão gasta US$ 89 bi para defender iene
- Ano termina sem brilho para emissão de ações
- Angra vai administrar Bertin Energia
- Os riscos da ausência de Lula no PT

FOLHA DE S.PAULO
- Escolas e creches de Kassab sobem 28% em um ano
- Desemprego na zona do euro cresce e atinge 16 milhões
- Biópsia indica 'agressividade média' em tumor de Lula
- Grécia quer fazer referendo sobre pacote anticrise
- Unesco aceita Palestina, e EUA congelam repasse

O ESTADO DE S.PAULO
- Dinheiro do Esporte e do DF contratou empresa do Pc do B
- Unesco aceita Palestina; Eua e Israel cortam verba
- Justiça anula as 13 questões do Enem que vazaram
- BNDES reduz previsão de investimento
- Amazônia recupera área desmatada

O GLOBO
- Posse no Esporte vira ato de desagravo ao PCdoB
- Juiz anula 13 questões do Enem no país
- Unesco perde ajuda após voto pró-Palestina
- Desemprego é recorde na zona do euro
- Estado alega que protegeu deputado

(Valor)

Índice de atividade da China desacelera em outubro

Por Luís Eduardo Leal | Valor | Dow Jones
 
PEQUIM - O índice oficial dos gerentes de compras da China recuou para 50,4 em outubro, comparado a 51,2 em setembro, de acordo com informações divulgadas nesta terça-feira pela Federação de Logística e Compras da China (CFLP, na sigla em inglês) e pela Agência Nacional de Estatísticas do país. 
O índice veio bem abaixo da mediana das previsões feitas por analistas ouvidos pela Dow Jones, de 51,7 para outubro. Índices acima de 50 significam expansão da atividade e abaixo desse nível, retração.
A leitura de outubro interrompeu uma série de dois meses consecutivos de melhora no desempenho do indicador, sinalizando que o crescimento da atividade industrial possa estar desacelerando em consequência das medidas de ajuste da política monetária adotadas pelas autoridades chinesas para conter a inflação.