17 de novembro de 2011

Corrente de comércio entre Brasil e África dobrará em 4 anos, diz Skaf

SÃO PAULO – A corrente de comércio entre o Brasil e o continente africano deve dobrar em até quatro anos, na opinião de Paulo Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). No acumulado entre janeiro e setembro deste ano, esse valor ficou em US$ 20,3 bilhões, o que representa um salto de quase 100% na comparação com todo o ano de 2004, quando a corrente comercial entre o Brasil e a África fechou em US$ 10,4 bilhões.
 
“As importações e exportações com esse bloco estão acelerando. Temos que aproveitar o crescimento africano, que deve ser, em média, de 5,8% em 2012, segundo as projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI)”, afirmou Skaf.

Diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Gianetti da Fonseca destacou dois pontos a serem observados nas relações comerciais com o continente. Primeiramente, o apetite chinês pelos recursos disponíveis na África. “O grande concorrente do Brasil na África é a China. Eles estão se apoderando dos recursos ali disponíveis e ampliando as suas relações comerciais no continente, mas o africano se sente mais seguro estabelecendo relações com o Brasil”, afirmou.

As semelhanças geográficas e a transmissão de conhecimento referente ao processo produtivo que pode partir desse ponto devem ser observadas pelas empresas que pretendem investir no continente. “A máquina agrícola europeia ou a canadense não funcionam tão bem na África. Eles precisam desses bens adaptados a um país tropical. O que os europeus entendem de mandioca, que é o principal alimento dos africanos?”, questionou Gianetti, destacando uma vantagem competitiva brasileira. “Podemos contribuir para a queda da pobreza no continente e aproveitar para produzir energia e alimentos.”

A Fiesp e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) já atuam em parceria em 13 países africanos na criação de mão de obra. O trabalho, que também envolve o governo brasileiro e bancos de desenvolvimento africanos, ocorre via cooperação internacional visando a capacitação profissional.

Empresários brasileiros de diversos setores estiveram reunidos nesta quarta-feira na sede da Fiesp para discutir investimentos no continente africano. Segundo Skaf, um compromisso firmado pela entidade no evento foi o de promover a criação de estrutura logística para a África, que é carente de rotas marítimas com o Brasil, infraestrutura no trasbordo de cargas e linhas aéreas diretas e conexões intracontinentais, segundo Skaf.

(Carlos Giffoni | Valor)

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