17 de novembro de 2011

Revisão deve garantir PIB acima de 3%

O governo está empenhado em impedir que a economia cresça menos de 3% neste ano e deve ser auxiliado pela revisão do Produto Interno Bruto de 2010 que o IBGE divulgará em 15 dias. Com a revisão, o avanço de 7,5% deverá subir para 7,7% ou 7,8%, de acordo com avaliações da área econômica, graças ao melhor desempenho da atividade no quarto trimestre de 2010. Com isso, pelo efeito estatístico do carregamento ("carry over"), o PIB de 2011 terá uma expansão maior.

Sem a revisão, o legado de 2010 para 2011 foi de 1,3%. Isso significa que, mesmo se a economia registrasse crescimento zero neste ano, o PIB de 2011, ao ser comparado com o do ano anterior, avançaria ao menos 1,3% por conta do efeito estatístico. Mas se o crescimento do PIB em 2010 tiver de fato sido maior, como o governo espera, o impulso poderá ser de 1,7% em 2011, calcula Fábio Ramos, economista da Quest Investimentos. Em 2009, quando a economia caiu 0,6% devido ao contágio da crise mundial, o carregamento para 2010 foi de 3,6%.

Preocupada com a rápida desaceleração da economia, a presidente Dilma Rousseff preferiu afrouxar as medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central no fim do ano passado. Dilma se reuniu separadamente na última semana com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, e ordenou o "reequilíbrio" das medidas.

A presidente está intranquila com um possível mergulho da economia no terceiro trimestre. Entre janeiro e março, o PIB avançou 1,3% e, entre abril e junho, 0,8%. Mas no período seguinte (julho a setembro), a economia pode ter tido crescimento pouco acima de zero em relação ao segundo trimestre. Na área econômica, aposta-se que, apesar da forte desaceleração em relação aos níveis de crescimento de 2010, a economia crescerá 3,5% em 2011. Para o ano que vem, a expectativa do Ministério da Fazenda é de um crescimento de 5%.

A presidente está apreensiva com o cenário externo. Acredita que falta liderança política à Europa para enfrentar a crise e que a premiê Angela Merkel, líder do país mais forte da zona do euro, a Alemanha, ignora a gravidade da situação. Dilma alimenta a expectativa, segundo apurou o Valor, de que a taxa básica de juros (Selic) chegue a abril em 10% ao ano - hoje, está em 11,5%.

Por João Villaverde e Cristiano Romero | De Brasília | Valor Econômico 

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