12 de setembro de 2012

Dólar fecha em queda pelo 4º pregão seguido, cotado a R$ 2,01

O dólar comercial fechou em baixa pela quarta sessão seguida, na menor cotação em mais de três semanas, acompanhando o otimismo do mercado internacional alimentado pela expectativa de nova rodada de estímulo econômico nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).

A queda no Brasil foi mais contida do que no exterior, dada a banda informal adotada pelo governo para a cotação do dólar, definida pelas mais recentes intervenções do Banco Central (BC) no mercado de câmbio.

O dólar comercial fechou em queda de 0,35%, para R$ 2,016, menor cotação desde 20 de agosto. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o contrato da moeda americana para outubro recuava 0,27%, para R$ 2,024. Os negócios na BM&F se encerram às 18h.

“Hoje tanto a expectativa com o Fed como a sinalização da Alemanha que a Justiça do país deve aprovar a legalidade do fundo de resgate europeu trouxeram otimismo para o mercado”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco WestLB. “Isso favoreceu a alta de outras moedas em relação ao dólar.”

Na Europa, a Justiça alemã decide amanhã sobre o fundo de resgate, que pode não ser viabilizado sem o apoio do país, a maior economia do bloco europeu. Nos EUA, o presidente do Fed, Ben Bernanke, fará discurso na quinta-feira após a reunião de política monetária da autoridade monetária. A expectativa do mercado é que Bernanke anuncie novas medidas de estímulo econômicos, com apostas inclusive na terceira edição do "quantitative easing" (QE3), injetando liquidez diretamente na economia do país.

A expectativa por essas medidas de estímulo aumentou hoje com o anúncio da agência de classificação de risco Moody’s que poderá rebaixar a nota soberana dos Estados Unidos de "AAA", a mais alta, para "Aa1", caso o país não avance na equação de sua dívida. Na sexta-feira, a decepção com os dados do relatório de emprego ("payroll") já havia alimentado essas expectativas.

“Após a minuta do Fomc de agosto mais suave, a forte defesa de novo relaxamento monetário pelo presidente Bernanke em Jackson Hole e o dado decepcionante de payroll em agosto, resta pouca dúvida em nossa opinião que o Fed vai anunciar mais estímulos”, disse o Bank of America em relatório a clientes.

No exterior, o Dollar Index, que avalia o desempenho do dólar em relação a uma cesta com seis moedas, caiu 0,66%, para 79,86 pontos, o menor patamar desde o início de maio. Já o euro subiu 0,77% ante a divisa americana, para US$ 1,285, maior cotação em quatro meses.

No fim dos negócios em Nova York, o dólar também acumulava baixa em relação à maioria das moedas emergentes. A divisa dos EUA caía 0,94% ante o dólar australiano, 0,71% em relação ao peso mexicano e 0,2% ante o rand sul-africano.

No Brasil, a disposição do BC em manter o câmbio na faixa entre R$ 2 e R$ 2,05 impediu uma baixa relativamente maior da moeda americana. No fim da manhã, quando o dólar bateu a mínima do dia, R$ 2,016, mesma cotação de fechamento, a autoridade monetária fez uma consulta informal às mesas de operação para avaliar o apetite potencial por contratos de swap cambial reverso (operação que equivale a compra de dólar no mercado futuro), elevando momentaneamente a cotação da moeda americana.

Para Rostagno, do WestLB, o mercado brasileiro fica mais cauteloso quando a cotação do dólar se aproxima de R$ 2, independentemente das notícias e dados externos. Ainda assim, acredita que, caso o Fed não frustre as expectativas em relação a uma nova rodada de estímulos, o BC poderá ter trabalho após o discurso de Bernanke.

“Se o Fed corroborar as expectativas, anunciando nova rodada de afrouxamento, o mercado vai mesmo testar esse piso de R$ 2 e ver se o BC volta a intervir”, disse Rostagno.


Fonte: Jornal Valor Econômico

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