4 de setembro de 2012

Especialistas divergem sobre peso da greve na queda das importações

Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a queda de 14% na média diária de importação em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado, é forte demais para ser explicada apenas pela greve de servidores federais. “A paralisação contribuiu um pouco, mas a redução nesse nível é resultado de arrefecimento de consumo.”

Castro lembra que a queda da importação foi generalizada nas diversas categorias de uso, de combustíveis a bens de consumo e bens de capital. Os bens de consumo, em agosto, tiveram redução de importação de 5,8%, sendo queda de 0,8% em não duráveis e de 9,1% em bens duráveis.

Entre os países fornecedores, Castro destaca que a única origem que teve aumento em agosto, na média diária, na comparação com o mesmo mês do ano passado, foi a Argentina, com elevação de 10,1%. A importação com origem na China teve queda de 0,9%, e nos Estados Unidos, 18,5%.

Para a RC, declínio é atípico

A queda de 14% nas importações em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado, teve grande influência da greve e deve ser analisada como um resultado atípico. Essa é a visão do sócio-diretor da RC Consultores Fabio Silveira, que acredita que é preciso esperar setembro para saber até onde a paralisação dos servidores federais afetou o nível de compras do exterior.

“A tendência é que em setembro o resultado se normalize. A economia não está em recessão. Ela não esfriou tanto a ponto de as compras externas encolherem. Até antes de agosto, os números mostravam desaceleração das importações, e não queda significativa como verificado agora”, afirmou.

Para o analista, as medidas de incentivo ao consumo adotadas pelo governo, como a prorrogação da redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), também vão atuar para que nos próximos meses as importações retornem à tendência de desaceleração. “E no ano que vem elas voltam a subir, pois a economia vai rodar em um ritmo mais forte.”

As exportações, que apresentaram recuo de 14,4% ante agosto de 2011, também devem ter sido afetadas pelas paralisações. No entanto, o impacto foi menor, na visão de Silveira. “Já vínhamos de queda nos preços, principalmente de café e minérios. A greve potencializou isso.”


Fonte: Jornal Valor Econômico

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