14 de setembro de 2012

Cepal defende 'direito à proteção' usado pelo Brasil contra importados

Em meio às críticas às medidas do governo brasileiro consideradas protecionistas, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) defendeu nesta quinta-feira o “direito à proteção” usado pelo Brasil com o objetivo de defender a indústria nacional da avalanche de produtos importados.

A secretária-executiva do organismo das Nações Unidas, Alicia Bárcena, disse, em teleconferência no México, que o governo brasileiro sabe do impacto das recentes medidas, como a elevação temporária do Imposto de Importação de 100 produtos. “O governo está tentando dar apoio aos produtos locais. É válido o direito de proteger sua economia”, afirmou Alicia, para quem todas as medidas nesse sentido precisam ser delimitadas por um tempo e associadas a programas de investimentos e exportação.

A secretária-executiva da Cepal ainda explicou que a economia brasileira é menos aberta do que outras, com menos acordos de livre comércio, o que possibilita ao governo maior margem de manobra com o intuito de evitar a desindustrialização.

Essas medidas, juntamente com o crescimento baixo no primeiro trimestre, balizam a projeção do organismo de praticamente estabilidade no valor das importações em 2012. Para a Cepal, depois de crescerem 4,6% entre janeiro e junho, na comparação com o primeiro semestre de 2011, as importações vão terminar o ano com ligeira queda de 0,1%.

O diretor da Cepal no Brasil, Carlos Mussi, lembrou que, na comparação entre janeiro e agosto deste ano e os primeiros oito meses de 2011, as importações do Brasil já desaceleraram para aumento de apenas 0,48%.

Crescimento asiático

A Cepal estima que a Ásia em desenvolvimento (sem o Japão) será responsável por 49,3% do crescimento mundial entre 2011 e 2017. Em segundo lugar vem a América do Norte (Estados Unidos e Canadá) com 15,2%. O grupo composto pela América Latina e pelo Caribe será responsável por 8,3% do desenvolvimento global. A estimativa é maior do que a da Europa ocidental, que responderá por 8% do crescimento.

Desse modo, a região se torna “parte da solução e não parte do problema”, destaca a Cepal. Assim, “o sul deveria ter uma maior influência na evolução da economia mundial e nas reformas da regulação financeira e do sistema financeiro internacional” entre outros temas.

A Cepal destacou ainda que o grupo composto pelos países em desenvolvimento responderá por dois terços do crescimento mundial no período. Isso é possível porque “a crise do Euro ainda não está concluída” e “os Estados Unidos registram um crescimento débil e podem enfrentar uma recessão em 2013, se não conseguirem um acordo fiscal”. A comissão citou também “a desaceleração na China, cujo crescimento cairia para entre 7% e 8%”.

Já a Europa oriental e a comunidade dos Estados independentes será responsável por 6,2% do crescimento, seguido por África (4,8%),Oriente Médio (4,5%), Japão (2,6%) e, por fim, a Austrália e Nova Zelândia (1,1%).


Fonte: Jornal Valor Econômico

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