20 de setembro de 2012

Exportador reduz preço, mas mesmo assim recupera rentabilidade

As empresas brasileiras começaram a repassar para os seus preços de exportação os ganhos obtidos ao longo do ano com a desvalorização do real e, talvez, com a redução de custos oriunda das medidas adotadas pelo governo. No acumulado do ano, até julho, a rentabilidade média das exportações brasileiras foi 8,8% maior do que a registrada no mesmo período de 2011. Esse resultado foi obtido mesmo diante de uma queda média de 2,2% no preço de venda ao exterior, segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

O efeito-preço é ainda mais expressivo em julho. Os preços de exportação de julho foram, em média, 7,8% menores do que os de julho de 2011. Mesmo com essa redução, a rentabilidade foi 11% maior. Em julho, na comparação com junho, uma nova apreciação cambial “tirou” uma parte do ganho, e reduziu em 4,4% a rentabilidade.

Abertos por setores, os dados da Funcex mostram que a queda de preços é impactada pelo efeito das commodities não-agrícolas, mas não se restringe a elas, especialmente quando se olha para o mês de julho, isoladamente. A queda média de 7,8% nos preços de exportação de julho embute uma retração de 6,8% em têxteis; 4,2% em calçados e artefatos de couro; 2,9% em vestuário; e 5,7% em móveis, por exemplo, todos setores que integram a lista de segmentos beneficiados pela desoneração da folha de pagamento. No caso de têxteis e móveis, o benefício nem havia entrado em vigor em julho.

A queda de preços de exportação é uma “novidade”. Em 2011, de 29 setores nos quais a Funcex desdobra a exportação brasileira, apenas um não aumentou o preço de exportação. Em 2012, de janeiro a julho, 10 setores já reduziram seus preços, mas esse é um movimento que ganhou fôlego mais recentemente: em julho deste ano sobre julho de 2011, 19 setores já estavam com preços menores.

Além da desoneração, os salários medidos em dólar já pressionam menos a indústria e podem ajudar a explicar os “novos” preços. No trimestre encerrado em julho, o custo unitário do trabalho, medido em dólares, já ficou 10% mais barato, segundo cálculos do Banco Central.


Fonte: Jornal Valor Econômico

Nenhum comentário:

Postar um comentário