25 de outubro de 2012

Queda na indústria transformou Brasil em importador, diz professor

O quadro do comércio exterior brasileiro em relação ao resto do mundo mudou substancialmente entre o período anterior à crise de 2008 e o momento atual, de acordo com Julio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e professor da Unicamp.

Falando sobre o tema nesta quarta-feira na sede da Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham), Almeida afirmou que o país está passando de polo exportador para polo importador em função do encolhimento da produção industrial nos últimos anos.

Para ilustrar seu argumento, Almeida utilizou dados da Organização Mundial do Comércio (OMC). Em 2005, o Brasil era responsável por 1,13% das exportações mundiais e 0,72% das importações.

Ano passado, a fatia das exportações brasileiras cresceu a 1,4% do total mundial, enquanto a das importações subiu bem mais, para 1,3%. Assim, enquanto a parcela das exportações brasileiras cresceu 24% no total mundial, a das importações deu um salto de 80%, entre 2005 e 2011.

Com essa nova geografia do comércio exterior mundial, o Brasil passou de 23º para o 22º lugar entre os maiores exportadores do mundo nos últimos seis anos, e de 28º para 21º no ranking dos maiores importadores.

Dados da balança de manufaturados apresentados pelo consultor do Iedi também mostram que a escalada do Brasil como país importador está no aumento da participação dos importados no mercado interno. Enquanto na exportação de manufaturas o país caiu de 27º para 30º no ranking mundial, na importação o Brasil deu um salto de dez posições: do 31º para o 21º lugar, entre 2005 e 2011.

“Nossa exportação cresceu 0,9%, entre um dia antes de crise, em 2008, e ano passado, enquanto nossa importação no período cresceu 37,1%. Ninguém é contra importação, mas esse desnível não faz bem para a economia. A solução está em aumentar a capacidade exportadora da indústria, pois o que vem salvando o superávit da balança são as commodities”, afirmou.

 
Fonte: Jornal Valor Econômico

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