15 de outubro de 2012

Desaceleração no Brasil reflete na Argentina e no Uruguai, diz Fitch

A desaceleração econômica mais profunda que o previsto no Brasil está ampliando o arrefecimento já experimentado pela Argentina e pelo Uruguai como resultado da crise global, apontou a agência de classificação de risco Fitch Ratings em relatório divulgado nesta sexta-feira.

“Embora os dois países estejam sentindo o impacto da desaceleração no Brasil, especialmente por meio de um declínio de suas exportações, a Argentina parece estar mais vulnerável do que o Uruguai”, disse o diretor de análise soberana da América Latina para a Fitch, Shelly Shetty. “As dificuldades econômicas da Argentina têm sido exacerbadas pelo arrefecimento no Brasil, com a política doméstica intervencionista por parte da Argentina possivelmente limitando a extensão de sua recuperação em 2013, quando o crescimento do Brasil deverá se acelerar novamente.”

Os bons fundamentos do Uruguai, que lhe dão uma forte capacidade de resposta política, tornam o país mais resistente aos choques temporários advindos de uma queda das exportações para o Brasil, à diminuição da receita do turismo ou ao ciclo baixista da atividade econômica.

No relatório, a Fitch disse que a desaceleração no Brasil tem sido mais profunda e longa do que o esperado, com o crescimento do PIB diminuindo para 1,5% em 2012, da alta de 2,7% em 2011 e de 7,5% em 2010. Os efeitos de contágio do enfraquecimento da economia brasileira sobre a Argentina e o Uruguai estão sendo sentidos principalmente por meio do declínio das exportações, o principal canal de transmissão em termos de PIB e geração de divisas.

“A composição do comércio da Argentina torna suas exportações mais sensíveis ao ciclo econômico do Brasil, já que uma grande porção delas consiste de carros e autopeças exclusivamente transacionados com o Brasil”, disse a Fitch. Em contraste, as exportações de commodities, que são mais inelásticas e podem ser facilmente realocadas, representam uma grande fatia das exportações do Uruguai para o Brasil, o que torna a balança comercial uruguaia menos sensível a mudanças da demanda doméstica brasileira, apontou a agência de risco.


Fonte: Jornal Valor Econômico

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