9 de agosto de 2013

Em dia de alívio externo, dólar e juros caem

Em um dia de bom humor nos mercados, com uma recuperação dos ativos de risco, o dólar cedeu mais de 1% em relação ao real e as taxas de juros futuros recuaram na BM&F. O dólar comercial deixou a casa de R$ 2,30 e fechou a R$ 2,287, recuando 1,17%, maior queda percentual diária ante a moeda brasileira em três semanas.
A presença mais firme de exportadores desde o início da sessão e o viés global de queda do dólar explicam a desvalorização da moeda americana. Além disso, o real foi amparado por dados fortes do comércio exterior da China. Isso aliviou as preocupações com uma desaceleração mais forte do gigante asiático, o que impulsionou as moedas de países exportadores de commodities, como o Brasil.
O movimento de fortalecimento do real foi reforçado por um leilão de venda de swap cambial tradicional realizado pelo Banco Central (BC). A venda desses papéis funcionou como uma "injeção" de US$ 631 milhões no mercado de dólar futuro. Segundo especialistas, ao realizar a operação de venda de swaps mesmo com o dólar em queda, o BC tentou aproveitar o ambiente global propício para provocar um recuou mais acentuado da moeda americana em relação ao real. Isso combina com os esforços para atenuar o repasse da alta recente do dólar à inflação, aliviando, assim, a pressão sobre os preços.
Para o gestor de renda fixa e câmbio da Appia Capital, Jorge Knauer, o recuo do dólar, contudo, tende a ser temporário. "O mercado tem aproveitado as quedas [da moeda americana] para comprar depois mais barato. Isso porque, se há uma tendência para o dólar, ela é de alta", afirma Knauer.
Mesmo que temporária, a queda da moeda americana abriu espaço para um recuo das taxas embutidas nos principais contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) na BM&F. O dólar é uma da variáveis mais importantes neste momento para o mercado de juros futuros. Isso porque o BC já deixou claro que a política monetária será conduzida para evitar que haja repasse cambial da alta do dólar para a inflação. Dessa forma, as oscilações da moeda americana em relação ao real têm determinado, em grande parte, a direção dos mercados de juros futuros.
A taxa do DI com vencimento em janeiro de 2014 - que reflete as expectativas para a trajetória da taxa básica de juros (Selic) até o fim do ano - caiu pelo segundo pregão seguido. Fechou a sessão em 8,87% (ante 8,89% anteontem). Mais líquido do dia (387,6 mil contratos negociados), o DI com vencimento em janeiro de 2015 fechou a 9,63% (ante 9,66% da véspera). Segundo operadores e estrategistas de renda fixa, mesmo com o alívio de ontem, os juros futuros ainda embutem a perspectiva de que a Selic (hoje em 8,50% ao ano), será elevada em pelo menos mais 1 ponto percentual, para 9,50% ao ano.
Com o aumento do apetite por risco, os DIs mais longos também recuaram. O contrato com vencimento em janeiro de 2017 - mais ligado ao ambiente externo - fechou a 10,82% (ante 10,87%). Contribuiu para a redução de prêmios nos juros futuros longos domésticos o declínio do retorno dos títulos do Tesouro americano. A taxa do papel de 10 anos, referência para os negócios de renda fixa em todo o mundo, encerrou o dia abaixo da casa de 2,60%.

Fonte: Jornal Valor Econômico

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