8 de agosto de 2013

Dólar bate nova máxima em mais de quatro anos

O dólar comercial voltou a registrar firme alta ontem e cravou nova máxima em mais de quatro anos ante o real. O movimento, consolidado durante o período da tarde, replicou o que se observou no mercado internacional, com a moeda americana ganhando valor ante outras divisas emergentes. Parte dos agentes também recompôs suas posições em dólar, após a queda que se viu pela manhã.
No fechamento, o dólar comercial subiu 0,65%, a R$ 2,314, renovando o maior patamar de encerramento desde 31 de março de 2009, dia em que terminou cotado a R$ 2,318.
A incerteza com o cenário doméstico e com o rumo da política monetária americana levou o Credit Suisse a piorar sua previsão para o real em relação à moeda americana. O banco suíço prevê agora que a taxa de câmbio brasileira termine este ano em R$ 2,30 por dólar, ante estimativa anterior de R$ 2,10, e encerre 2014 cotada a R$ 2,40 (previsão anterior de R$ 2,20).
"Reconhecemos que é impossível descartar a possibilidade de um real mais depreciado caso o processo de eliminação do 'quantitative easing' seja acelerado", afirma em relatório a equipe de pesquisa do banco, chefiada por Nilson Teixeira.
Os dados sobre o fluxo cambial divulgados pelo Banco Central não chegaram a interferir nos preços. Os números mostraram uma recuperação das entradas de recursos na semana passada. Essa melhora foi proporcionada pelas operações comerciais, com os exportadores aproveitando a alta do dólar para fechar parte dos contratos de câmbio. A conta financeira, por outro lado, deu sinais de fraqueza, num movimento que sugere uma inconsistência das entradas, em meio à piora constante na perspectiva para a economia.
A despeito do cenário ainda envolto de incertezas, a visão geral de profissionais consultados é de que o fluxo cambial tende a melhorar nos próximos meses. No entanto, a expectativa não inclui saldos mensais robustos, dada a volatilidade que tende a permanecer nos mercados financeiros em geral.
Entre os dias 29 de julho e 2 de agosto, o fluxo cambial geral ficou positivo em US$ 1,106 bilhão, duas vezes e meia o saldo positivo apurado na semana anterior (US$ 440 milhões).
Esse desempenho decorreu de ingressos de US$ 1,55 bilhão pela conta comercial. Na semana anterior, essa conta havia registrado déficit de US$ 949 milhões. Já do lado financeiro, houve saldo negativo de US$ 444 milhões, em comparação a um superávit de US$ 1,389 bilhão na semana anterior.
Em julho, o fluxo cambial ficou negativo em US$ 1,447 bilhão. Esse déficit é menor que o registrado em junho (-US$ 2,636 bilhões), mas pior que o registrado um ano antes, quando houve superávit de US$ 942 milhões.
O diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues, afirma que, depois que a moeda americana bateu R$ 2,30, na semana passada, muitas empresas começaram a intensificar o fechamento de contratos de exportação, apressando-se para garantir um ganho entre 9% e 12%, já que trabalhavam com um dólar na faixa entre R$ 2,05 e R$ 2,10 no início do ano.
"Na dúvida e antes que o governo anuncie alguma medida para baixar o dólar, as exportadoras estão fechando contratos com a moeda por volta de R$ 2,30. Isso deve continuar pelo menos neste mês", diz.
Do lado da conta financeira, Rodrigues vê um cenário mais cauteloso. "Tem entrado dinheiro para renda fixa, mas esse movimento não deve continuar no mesmo ritmo nos próximos meses, ainda mais se os Estados Unidos concretizarem a redução das compras de ativos por lá", afirma o executivo.
No balanço desses fatores, o fluxo deve permanecer ligeiramente positivo e dar "folga" para os bancos, que não precisariam, dessa forma, tomar linhas externas para suprir a necessidade de dólares de seus clientes. Esse cenário também reduziria uma eventual necessidade de o Banco Central ofertar dólares à vista.
Levando-se em conta o fluxo dos dois primeiros dias de agosto, que foi positivo em US$ 509 milhões, é possível estimar que os bancos terminaram a semana passada com posições compradas em dólar à vista de US$ 2,184 bilhões. O número representa uma melhora em relação ao estoque de US$ 1,675 bilhão com o qual os bancos fecharam o mês de julho.



Fonte: Jornal Valor Econômico

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