28 de janeiro de 2014

Dólar sobe 1,17% e fecha no maior nível desde 

agosto


A onda de aversão a risco que tomou conta dos mercados emergentes seguiu dando o tom dos negócios ontem. As atenções estão voltadas para a reunião do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) que se encerra amanhã. Dólar e juros futuros voltaram a fechar em alta.
Depois de o real ter se depreciado menos que seus pares emergentes na semana passada, o mercado de câmbio local ontem passou por um ajuste, com a moeda brasileira caindo mais que outras divisas emergentes.
O dólar comercial fechou em alta de 1,17% a R$ 2,4250, maior nível desde 22 de agosto, quando fechou a R$ 2,4320.
A defesa de posições por parte dos investidores traz uma pressão adicional de alta para o dólar à medida que se aproxima o vencimento de derivativos cambiais.
As declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em palestra em Londres não chegaram a impactar significativamente o câmbio. Tombini afirmou que o Brasil possui colchão para suavizar impactos decorrentes do processo de ajuste das políticas monetárias de países desenvolvidos. A leitura do mercado foi que o BC tende a usar com parcimônia a intervenções no câmbio, devendo atuar apenas para atenuar movimentos intensos de alta do dólar.
No mercado também há grande expectativa em relação à decisão do banco central da Turquia sobre a taxa básica de juros no país, que deve ser anunciada hoje. O mercado prevê um aumento de pelo menos 2 pontos percentuais. Se vier abaixo disso pode trazer uma pressão adicional para alta do dólar.
A elevação dos juros na Turquia poderia ajudar a reduzir o pessimismo em relação às moedas emergentes. Mas a avaliação é que pode ser insuficiente para determinar o movimento dessas divisas, que tem sido influenciado pela perspectiva de redução de liquidez global, com a diminuição dos estímulos monetários por parte do Fed. Segundo o estrategista de câmbio para mercados emergentes da Brown Brothers Harriman em Londres, Ilan Solot, o BC turco deve anunciar uma alta de pelo menos 300 pontos base, elevando a taxa básica de 7,75% para 10,75% para dar impulso à lira.
Para Solot, o mau humor dos investidores com os mercados emergentes, que desencadeou a venda generalizada das divisas dessas economias na semana passada, ainda deve perdurar no curto prazo, reflexo de um movimento de maior aversão a ativos de risco e da perda de confiança dos investidores nesses mercados..
A Argentina segue inspirando cautela, com o governo definindo as regras para compra de dólares por lá, após o relaxamento das restrições para a compra de dólares por pessoas físicas.
O estrategista da Brown Brothers lembra que o Brasil, com US$ 375,5 bilhões de reservas internacionais, está em uma posição mais confortável que a Argentina e a Turquia, que têm colchões bem menores, de US$ 29,5 bilhões e US$ 40 bilhões respectivamente. "Não cabe nem comparação entre o Brasil e Argentina, os investidores sabem diferenciar muito bem esses dois mercados. Mas é claro que uma crise lá tem um contágio pelo efeito psicológico e também pelo lado comercial, uma vez que a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil", diz Solot.
Hoje o BC realiza o leilão de rolagem de 20.550 contratos de swap, completando assim a rolagem do lote de US$ 11,028 bilhões que vencia em fevereiro. O mercado também aguarda o anúncio da rolagem do lote de cerca de US$ 2,3 bilhões em linha de dólar com compromisso de recompra que vence hoje.
A alta do dólar e o ambiente de aversão ao risco impulsionaram os juros futuros na BM&F. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2015 subiu de 11,13% para 11,20%. Entre os longos, o DI para janeiro de 2017 avançou de 12,61% para 12,73%. O temor de uma depreciação maior do real leva os investidores a exigir prêmios de risco mais elevado para apostas prefixadas. Segundo o estrategista da Icap Brasil, Juliano Ferreira, cresce a expectativa de que o BC mantenha o ritmo de alta em 0,5 ponto em fevereiro ou sinalize, ao menos, que o ciclo será estendido. "O mercado de juros futuros deve andar colado com o dólar, que pode pressionar a inflação e exigir Selic maior."

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