22 de agosto de 2012

Greve da Anvisa atrasa entrega de exames em hospitais e laboratórios

A paralisação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), iniciada em 16 de julho e que hoje tem adesão parcial dos servidores, está afetando os hospitais e os laboratórios de medicina diagnóstica. Os estoques de insumos médicos, quase todos importados, usados para o diagnóstico dos exames estão no limite. Com isso, já há laboratórios atrasando a entrega dos resultados e negando atendimento.

No laboratório paulista SalomãoZoppi, a maior parte dos materiais biológicos colhidos dos pacientes (sangue, por exemplo) está sendo congelada na expectativa de que os insumos cheguem nos próximos dias. Os resultados dos exames estão com atraso de até 15 dias.

"Vivemos um problema muito sério porque entre 60% e 80% das decisões médicas são baseadas nos exames laboratoriais. Há ainda os pacientes de doenças crônicas que demandam exames constantes para se medicar e aqueles que estão internados", reclamou Gianfranco Zampieri, diretor médico do SalomãoZoppi. Ele destaca que se os insumos não forem entregues esta semana há um grande risco de o laboratório interromper o atendimento de exames de análises clínicas.

Esse cenário se repete em todo o setor. "Os estoques da maioria dos laboratórios estão praticamente esgotados. A previsão é que, a partir desta semana, alguns fiquem totalmente desabastecidos, sem possibilidade de fazer os exames", disse Claudia Cohn, presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Alguns laboratórios conseguiram os insumos por meio de decisão judicial ou estão enviando os materiais biológicos de exames mais complexos e urgentes para serem realizados fora do país, segundo Carlos Gouveia, presidente da Câmara Brasileira do Diagnóstico Laboratorial (CBDL), entidade que representa cerca de 40 laboratórios e entrou na justiça.

Nos hospitais, a situação também é complicada. Levantamento feito pela Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), representante de 45 hospitais, a paralisação da Anvisa está impactando 75% desses estabelecimentos de saúde. "Há mais de 20 dias não recebemos insumos, materiais hospitalares e produtos farmacêuticos importados. Há um grande conjunto de produtos parados nos portos e aeroportos mesmo com o retorno parcial dos funcionários da Anvisa", afirmou Francisco Balestrin, presidente da Anahp.

Balestrin ressalta ainda que está preocupado com outros importantes embarques ainda parados em seus países de origem. "Mesmo se a greve terminar hoje, teremos falta de produtos em setembro ou outubro. Muitas encomendas paradas no exterior foram encaminhadas para clientes de outros países", disse. Os insumos médicos normalmente têm prazos de validade curtos e muitas vezes precisam ser conservados em baixíssimas temperaturas.

Segundo a Anvisa, 70% dos seus 1.622 funcionários retornaram ao trabalho no dia 13, após decisão da Advocacia Geral da União (AGU). A agência reguladora alega que a demora no desembarque de alguns materiais de saúde é reflexo da "operação padrão" da Receita Federal.

Fonte: Jornal Valor Econômico

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